quarta-feira, 23 de abril de 2014

Entrevista

Entrevista concedida a estudante de jornalismo Lorena Soares no dia 11 de março de 2013 para o jornal Revesso/ Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/ UFRB*
Lorena) - Ediney quando você comeu a escrever?
(Ediney) - Exatamente não lembro quando me despertou o gosto pela literatura e escrita, mas certamente as aulas de Comunicação e Expressão entre a 5ª e 8ª séries do primeiro grau (chamavam assim as aulas de Língua Portuguesa) da professora Norma no colégio Senador Pedro Lago foram decisivas pelo meu encantamento a palavra e escrita. A professora Norma foi à pessoa mais importante na minha formação intelectual.

(Lorena)- Como é sua relação com a Língua Portuguesa, gramática e literatura?
(Ediney)- Minha relação é mais com a literatura que com a gramática, o meu encanto é com a semântica da palavra.
(Lorena)- Quais são os poetas portugueses, brasileiros que você mais se identifica?
(Ediney)- São fases literárias, houve um período que foi muito Augusto dos Anjos, um dos maiores poetas do mundo, um cara que só publicou um livro e está aí até hoje. Outra fase foi Castro Alves pela militância social, outros momentos Manuel Bandeira pela doçura e leveza em falar das nossas misérias cotidianas, pessoais e ultimamente muitos poetas contemporâneos, autores de blogs.
(Lorena)- Como você entende poesia e poema? Ha diferenças?
(Ediney) - Poema seria a forma, poesia o significado ou signo verbal, a semântica e imagens da palavra. Mas podemos encontrar poesias em textos em prosa e não encontrar poesia alguma em um livro de poemas, às vezes você ler um poema e é só um amontoado de palavras sem signo poético algum. A poesia em si transcende a forma física do papel, vai muito além...
(Lorena)- No dia 14 de março é o dia da poesia em homenagem a Castro Alves, o que você acha dessa homenagem?
(Ediney)- Mais que justa, Castro Alves foi poeta da intensidade verbal, militou com paixão e verdade na poesia, em um período conturbado da nossa história, seus versos oscilavam entre o lirismo e a militância social, uma voz poética muito forte, verdadeira. Por ele ter nascido no dia 14 de março se fez essa homenagem fazendo desta data o dia nacional da poesia, sua poesia é ainda muito simbólica, seus versos sociais fazem eco nestes nossos dias, já que a escravidão mudou de forma, hoje se escraviza de outras maneiras, a principal dela é negar a história, nosso tempo é o tempo em que se fortalece a ideia da não memória, da não história, cultiva-se apenas o moribundo presente que não dura 24h horas, ha a repetição do que em verdade não existe porque é feito para o compartilhamento vazio de emoções vazias.
Eu particularmente gosto mais da lira de Castro Alves, a poesia do “Espumas Flutuantes”, uma poesia sensível, mas sua poesia  social encontra em mim um profundo admirador, ele foi um cara extremamente corajoso, jogou na cara das elites escravocratas do seu tempo as mazelas e servidão de uma época  triste e desesperadora.
(Lorena)- Qual a poesia que você mais gosta do Castro Alves?
(Ediney)- Gosto muito de um poema chamado “Adormecida”:
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia 

Numa rede encostada molemente... 
Quase aberto o roupão... solto o cabelo 
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste 

Exalavam as silvas da campina... 
E ao longe, num pedaço do horizonte, 
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados, 

Indiscretos entravam pela sala, 
E de leve oscilando ao tom das auras, 
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago 

Mesmo em sonhos a moça estremecia... 
Quando ela serenava... a flor beijava-a... 
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante 

Brincavam duas cândidas crianças... 
A brisa, que agitava as folhas verdes, 
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se... 

Mas quando a via despeitada a meio, 
P'ra não zangá-la... sacudia alegre 
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia 

Naquela noite lânguida e sentida: 
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas! 
"Virgem! — tu és a flor da minha vida!..."


Linda né? Acho bela, o olhar sobre a mulher dormindo, ele se imaginando entre seus seios, criando imagens sensuais e sedutoras, escreve sensações que aquela mulher provoca nele, tudo apenas por causa de um roupão sutilmente aberto e ele se desmancha em prazer kkk.  O “Livro e a América” também é um poema que me diz muito, para quem milita na educação o poeta fala em levar livro para o povo e fazer o povo pensar:
Oh! Bendito o que semeia 

Livros... livros à mão cheia... 
E manda o povo pensar! 
O livro caindo n'alma 
É germe — que faz a palma, 
É chuva — que faz o mar”.


(Lorena)- Como você analisa a influência da internet na literatura e na vida das pessoas?

(Ediney)- A internet é uma grande biblioteca áudio visual, o que percebo que se tem muita informação, mas sem gerar conhecimento, para a literatura, acho que a internet é responsável pela renovação radical da nossa letras, com os livros digitais e blogs, ficou mais fácil e democrático editar livros e não se tem mais o peso coorporativo das editoras dizendo o que se deve ou não ser editado ou lido . A grande questão é como vamos sair de uma geração de informação para uma geração de conhecimento, somos a geração da ressaca, sem paixões e feliz em nos repetirmos, mesmo com todas as ferramentas que nos possibilitam uma tomada de consciência mais profunda infelizmente apostamos na falsa civilização da ausência de ideais no sentido radical da palavra, esse é o tempo do “tanto faz, sempre foi assim, sou amigo de todos e todos são lindos”, tempo do tomar café enquanto rimos do vizinho que foi decapitado. Tudo isso se reflete nas artes que às vezes é patológica e demente como esse tempo de ressaca idealista.
A internet transformada em ferramenta apenas de pesquisa tem formado batalhões de pessoas emburricadas, treinadas na arte de copiar e arrotar verdades caducas para um mundo que pede posicionamento crítico e objetivo. Mas ao mesmo tempo ela aponta caminhos, a internet enquanto território quase livre tem mais sentido democrático que o Estado brasileiro ainda imerso em parasitaríssimo politico e artificial incompetência admirativa.

(Lorena)- Muitas letras de música tem forte teor poético, como você analisa hoje esse encontro entre música e poética?

(Ediney)- A música se renova com muita rapidez, mas com pouca qualidade. A música é muito banalizada, nestes nossos dias vejo muitas letras de músicas que são apenas Onomatopeias bizarras, desprovidas de sentido e talvez o único sentido seja fazer coro aos corações vazios e suas poucas crenças no lúdico. Se vamos a uma festa e lá está tocando essas bestialidades sonoras não vejo problema, mas quando isso passa a ser uma verdade nas nossas vidas e só se consegue pensar neste pequeno espaço de sub- criatividade, isso nos revela um sintoma pavoroso “cultural” de degeneração intelectual.
O riso e o ócio aqui foram tomados de assalto por uma poderosa máquina política e cultural para alienar e manter na ignorância corações incautos, tudo isso ainda tem uma vigorosa contribuição de um sistema público de educação falido que só não desmorona de vez por causa de alguns poucos e bons professores e professoras que não se intimidam diante esse horror todo. A Bahia é uma grande produtora de porcarias sonoras, o que é uma pena.
Mas se procurarmos com calma sempre há coisas boas, bons artistas. Eu particularmente comecei a gostar poesia primeiro pelas letras de músicas, antes dos livros, chegou até mim os discos.

(Lorena)- Que musicais, que artistas?

(Ediney)- Eu sempre gostei mais de letras de músicas que das músicas. Então, por exemplo, quando era criança gostava muito das músicas do Sérgio Reis, ele cantava letras suáveis, bucólicas que me lembravam o sertão ou sou sertanejo e as canções do Sérgio pareciam amigas, os primeiros discos de Amado Batista e suas canções de amor rasgado, sempre gostei de canções com esse teor saudosista, na adolescência me encantei com Edson Gomes e suas canções com forte teor social e político, antes de Marx quem me disse algo sobre as relações de poder e nós mortais foi Edson Gomes, o primeiro artista brasileiro que me influenciou, na adolescência eu queria ser como ele e dizer aquelas coisas todas, depois veio o Legião Urbana, Renato Russo me deu doses generosas de lirismo, letras bem construídas, muito literárias, são artistas eternos pela qualidade do que fizeram, bons exemplos de que se pode fazer sucesso sem ser medíocre. Belchior, Zé Ramalho, Ângela Rôrô  são pessoas presentes sempre na minha vida e tantos outros.

(Lorena)- O que você acha de Gregório de Mattos?

(Ediney) - Um dos grandes poetas deste país, um cara extremamente talentoso, soube como viver plenamente todos personagens da sua inquieta personalidade, seus conflitos religiosos, sua poesia social – satírica que não poupou ninguém, a acidez poética em tratar os poderosos e os fracos da época, uma alma complexa e um talento incrível.

(Lorena) Como você sente a poesia de Cecilia Meireles?

(Ediney)- Uma poesia intimista, lúdica, delicada, voltada para questões mais introspectiva, a busca pelo entendimento das emoções com o mundo opressor e geralmente excludente. Eu gosto muito de um livro dela chamado “Cânticos”, é um livro muito místico que traz uma poesia suave e quase religiosa, “ Cânticos”  é uma delicada mensagem de esperança, uma alternativa poética ao caos emocional que nos perdemos, caos que  nos fez  pouco a pouco devoramos o amor e o bem maior que temos que é nossa própria condição humana.

(Lorena)- Relembrando a questão da música, ha também o Vinicius de Morais...

(Ediney) - Ele foi um cara diferente, multimídia, foi poeta, letrista, cantor, embaixador, foi demitido do cargo de embaixador acusado de não ter um perfil para o cargo, recentemente soube que foi simbolicamente readmitido pelo Itamaraty, foi um homem aberto e profundamente ligado ao seu tempo, um carioca quase baiano, se encantou e cantou o candomblé, um homem de muitos amores e cantou todos, biriteiro assumido e um coração lírico apaixonado pela palavra, foi uma amente da palavra, homem da noite e das mulheres como da palavra e da poesia.
(Lorena)- Muito obrigado pela entrevista!
(Ediney)- Obrigado você... Amemos e nos embriaguemos como Vinicius de Moraes, sejamos quando necessário, céticos como Augusto dos Anjos, suaves como Cecilia Meireles, corajosos como Gregório de Mattos, irônicos como Manuel Bandeira e sobre tudo esperançosos como Castro Alves.

 http://cartasmentirosas.blogspot.com.br/
 http://edineysantana2.blogspot.com
























sábado, 5 de abril de 2014

O canto que vem do sertão

Morando em Santo Amaro desde os primeiros anos de idade, Ediney Santana não perdeu os vínculos com sua terra de origem, o sertão de Mundo Novo, no semi-árido baiano, com a eterna ameaça do espectro das secas periódicas e seus desdobramentos sociais. Sensibilidade à flor da pele, Ediney apresenta uma poesia visceral, que incomoda e encanta, que assusta e seduz, o canto pungente do sertanejo, que sai das entranhas da terra e sua aridez constante, mesclado com a visão cosmopolita do homem contemporâneo e sua companheira permanente, a solidão.
Os versos têm força e carga dramática, mantendo sempre um teor poético vital, surpreendente. O sertão, que ele guarda na memória, renovada com o reencontro constante com as origens, e o recôncavo com sua proximidade com o mar, que lhe confere vocação universal, estão presentes, como se uma ponte unisse umbilicalmente as duas regiões de realidades tão disparas, indiferente às convenções do tempo e os limites geográficos.
Alheio a fronteiras geofísicas, a solidão ponteia os versos de Ediney Santana. “Minha lira é árida/brota/nos grotões sertanejos/Entre sóis e luas/sou comitiva solitária”, diz o poeta em “Os Sertões”. EM outro poema, “Da terra para o coração”, manifesta o mesmo sentimento de isolamento que acompanha o homem contemporâneo: “Observava as folhas/caírem ao/ chão e a nudez das/árvores,/então pude perceber/o discurso/silencioso da solidão”.
Ao mesmo tempo e com a mesma densidade dramática e poética, ele faz incursões pelos caminhos do lirismo e enfatiza, de forma contundente, a poesia engajada, estandarte em defesa dos oprimidos, dos excluídos. Solta o canto da liberdade, o canto de angústia diante das desigualdades sociais, o canto de esperança nas mudanças e transformações, na construção de um mundo mais justo.
Poeta com trabalhos em jornais e em coletâneas, aparece agora para o leitor de forma mais completa. A Universidade Estadual de Feira de Santana, ao publicar a poesia de Ediney Santana, formado em Licenciatura em Letras Vernáculas, no Campus Avançado de Santo Amaro, cumpre o seu papel de estimular os novos talentos artísticos, com a consciência de sua função enquanto instrumento de produção e divulgação do conhecimento científico e, também, da promoção e socialização cultural.

Professora Anaci Bispo Paim
Reitora da UEFS
Compre o livro aqui: https://www.clubedeautores.com.br/book/162816--Ate_que_a_eternidade_nos_una#.U0AT2PldVqU




quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mordaz é isso

Ediney Santana
Pondero quase sempre em minhas resenhas o fato do sujeito ter ou não alguma coragem para escrever. Não que seja isso um pré-requisito. Mas, quando o assunto é opinar sobre livros que gosto, prefiro acreditar que sim. Que boa parte se resume a isso, além de todo o bla bla bla teórico sobre estilos e influências. 
O escritor Ediney Santana veio para confirmar minha louca teoria. De que, sem vontade, sem algum tipo de sentimento genuíno, ou sem coragem para por num papel o que de fato nos comove, publicar um livro se torna arriscado. E se pode pagar um preço muito alto pela propensa ousadia. 
Vejamos: leio, agora com menos frequência, textos em que pessoas defendem o status de maldito de seus objetos de resenha. É tudo muito simples: se o artista optar por fazer prosa, ele deve pegar um ou dois personagens, enfiá-los numa situação sujinha e pronto. Sendo poesia, ele deve escrever textos que ninguém compreenda, recheados de palavrões ou, coisa mais arriscada ainda, tentar fazer poesia com a simplicidade do Bukowski, como se estivesse contando uma breve história de dor e dúvida. 
O problema é que a dor e a dúvida muitas vezes não passam de recalques. Ou daquele fingimento que tanto se conversa por aí. É preciso um pouco de caos, amigos. E de alguma estrada tortuosa. 
Em seu Evangelho do Mal (compre aqui https://www.clubedeautores.com.br ), o rapaz que fez “do mundo um delírio errante”, nos mostra que, se você escolheu essa escrita, ou se ela te escolheu, como acho que foi o caso dele, tenha força o suficiente e se liberte dos grilhões – sei que essa frase é de uma obviedade terrível - e de todo o receio que te cerca. Arrisque, ainda que isso implique no total estranhamento de sua obra. Ou num estranhamento parcial, de uma maioria canhestra que sonha em ser maldita no playground do prédio – isso tudo enquanto o vigia cochila e os cães cercam suas belas varandas. 
Ediney, que é autor de outro belo livro de poemas, Anfetaminas e Arco-Íris (compre aqui:  https://www.clubedeautores.com.br) , não pede licença. E segue com sua dor, seus berros, seus devaneios mortais e mordazes. Tem talento também para criar imagens líricas sem derrapar. Um sujeito que, se não estiver me enganando - no que de melhor a palavra engano abarca -, saca que esperança não é bem aquilo que nos mostra os especiais de fim de ano da televisão. Muito menos a bondade sacal e emplastrada de velhas senhoras em seus jantares beneficentes.   
Claro que em suas 117 páginas ele não se resume somente a isso. Como de hábito, o autor homenageia ídolos sem recorrer a técnicas batidas e cutuca o engessamento pela fé (Imagem e Semelhança, página 33). Aborda temas de cunho social, sem usar da lógica obtusa de quem supõe ser a literatura uma luta de classes com algum estilo (“Na campina branca / o sertanejo / ara a terra como quem / prepara a própria cova... / Na fábrica triste o / operário aperta / botões como quem / reconhece a si mesmo” – Iguais, página 53); fala do amor, numa boa. Além de tirar um grande sarro com o satanismo (Lam od ohlegnave o, página 54), se é que a intenção foi mesmo essa. 
Sua linguagem permanece com o mesmo vigor. Suas experiências com o nosso idioma continuam a não serem meramente repetições de recursos literários: possuem vida própria; suas metáforas se encaixam, abrem possibilidades (...”Poetas existem / para quebrar vidraças e fazer rir os palhaços” – Poetas, poemas e poesia, página 57). Ele tem a manha. Entende do riscado, só precisando mesmo ter bastante cuidado com questões mais práticas, nem por isso desimportantes, tais como revisão dos textos e no uso de termos estrangeiros. 
Mas foi a dor que me pegou de jeito. Foi essa dor, que não tem nada a ver com algo piegas e choroso, que me motivou a escrever isso aqui. Claro, espero não estar limitando a visão de sua obra, já que, como ele mesmo diz, sua intenção foi escrever sobre as “contradições da sua época”. 
Sabemos, eu e você, que poesia para ser boa não precisa ser dolorida. Nem tão somente ser um mero encaixe de palavrinhas que rimem ou que tenham um efeito sonoro qualquer. Ela pode ter leveza e nos erguer do chão. Pode ser hilária e festiva, nem por isso menos genial e marcante, tal e qual uma puta comemoração setentista que continua atravessando décadas, como certamente Waly Salomão queria que fosse. Pode ser até mesmo um poema-piada. 
Mas nunca deve ser tão somente uma piada. 
Ediney pode parecer até exagerado em alguns momentos. Só que, mesmo no seu exagero, nas suas metáforas corrosivas, bem como naquelas em que o mundo do imaginado cabe de sobra, ele sabe o que faz. Ainda que um ou outro texto te incomode, saiba que ali existe uma verdade. Que pode não ser a sua, nem a minha. Mas que é uma verdade bruta, exposta da melhor forma possível, por um sujeito que sentiu o que escreveu. 

 Texto de Autoria de :Gustavo Rios
Fonte:http://www.verbo21.com.br/v1/index.php?option=com_content&view=article&id=290:mordaz-sso-gustavo-rios&catid=126:resenhas-e-ensaios-fevereiro2009&Itemid=129
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