Morando em Santo Amaro desde os
primeiros anos de idade, Ediney Santana não perdeu os vínculos com sua terra de
origem, o sertão de Mundo Novo, no semi-árido baiano, com a eterna ameaça do
espectro das secas periódicas e seus desdobramentos sociais. Sensibilidade à
flor da pele, Ediney apresenta uma poesia visceral, que incomoda e encanta, que
assusta e seduz, o canto pungente do sertanejo, que sai das entranhas da terra
e sua aridez constante, mesclado com a visão cosmopolita do homem contemporâneo
e sua companheira permanente, a solidão.
Os versos têm força e carga dramática,
mantendo sempre um teor poético vital, surpreendente. O sertão, que ele guarda
na memória, renovada com o reencontro constante com as origens, e o recôncavo
com sua proximidade com o mar, que lhe confere vocação universal, estão
presentes, como se uma ponte unisse umbilicalmente as duas regiões de
realidades tão disparas, indiferente às convenções do tempo e os limites
geográficos.
Alheio a fronteiras geofísicas, a
solidão ponteia os versos de Ediney Santana. “Minha lira é árida/brota/nos
grotões sertanejos/Entre sóis e luas/sou comitiva solitária”, diz o poeta em
“Os Sertões”. EM outro poema, “Da terra para o coração”, manifesta o mesmo
sentimento de isolamento que acompanha o homem contemporâneo: “Observava as
folhas/caírem ao/ chão e a nudez das/árvores,/então pude perceber/o
discurso/silencioso da solidão”.
Ao mesmo tempo e com a mesma densidade
dramática e poética, ele faz incursões pelos caminhos do lirismo e enfatiza, de
forma contundente, a poesia engajada, estandarte em defesa dos oprimidos, dos
excluídos. Solta o canto da liberdade, o canto de angústia diante das
desigualdades sociais, o canto de esperança nas mudanças e transformações, na
construção de um mundo mais justo.
Poeta com trabalhos em jornais e em
coletâneas, aparece agora para o leitor de forma mais completa. A Universidade
Estadual de Feira de Santana, ao publicar a poesia de Ediney Santana, formado
em Licenciatura em Letras Vernáculas, no Campus Avançado de Santo Amaro, cumpre
o seu papel de estimular os novos talentos artísticos, com a consciência de sua
função enquanto instrumento de produção e divulgação do conhecimento científico
e, também, da promoção e socialização cultural.
Professora Anaci Bispo Paim
Reitora da UEFS
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